sexta-feira, 1 de março de 2013


Prólogo

Joe Jonas sentiu-se só no mundo. Nick, o último solteiro entre os irmãos Jonas, tinha se casado,  e se mudara da casa havia quase um ano. Isso deixara Joe sozinho, com uma
governanta reumática que trabalhava dois dias na semana, e ameaçava se aposentar a qualquer momento. Caso cumprisse o que dizia, ele ficaria abandonado à própria sorte e seria obrigado a ir sempre a um restaurante. Levando em consideração seu ritmo de trabalho, isso seria impossivél.
Recostou-se na cadeira giratória atrás da escrivaninha do escritório que, no momento, era
todo seu. Sentia-se feliz pelos irmãos. Eles estavam construindo sua própria família a não ser pelo recém-casado Nick, Kevin seu irmão mais velho  e Dani sua esposa já tinham dois meninos, Gregory e Timothy os quais Joe adorava.
Lembrando o passado, Joe percebeu que as mulheres estavam fora de sua vida havia muito
tempo. Tanta coisa precisa ser feita na fazenda que mal tinha tempo de sair à noite.
Enquanto pensava em sua solidão, o telefone tocou.
— Por que não vem jantar conosco? — convidou Nick, assim que Joe atendeu.
— Não se convida o irmão para jantar quando se está em lua-de-mel.
— Casamos depois do natal, no ano passado.
— Então ainda estão em lua-de-mel —insistiu Joe de bom humor — Obrigado mais tenho
muito que fazer.
— O trabalho não compensa a falta de amor. Em todo caso, o convite está feito, aceite-o se
quiser.
— Obrigado de novo.
— Por nada
Joe recolocou o fone no gancho. Junto aos irmãos, era proprietário de cinco fazendas. Fazia
grande parte do trabalho braçal diário, adorava cuidar do gado, e seu físico musculoso era
prova disso.
Às vezes se questionava se tanto esforço era apenas uma tentativa se suprir certas
necessidades físicas. Quando mais jovem, as mulheres sempre estavam a sua volta, e jamais se furtava as aventuras amorosas.
Entretanto, já estava com vinte a e oito anos e romances casuais já não o satisfaziam como
antigamente.
Planejara passar um fim de semana tranqüilo em casa, mas Ashley Greene, amiga de Demi
Lovato, convencera-o a levá-la para Houston, onde jantariam e assistiriam ao espetáculo de
balé. Explicara que seu carro estava na oficina, e já tinha os ingressos para a apresentação.
Joe não planejava iniciar um romance com Ashley, apesar dela ser bonita e sofisticada, por
que era uma grande amiga de Demi Lovato. Sabia que Ashley jamais o teria convidado para se encontrarem em Jacobsville, por que era uma cidade pequena, as fofocas se espalhariam com a velocidade do vento e logo chegaria aos ouvidos de Demi.
Apesar de ser um homem livre, Joe tinha conhecimento de que Demi alimentava uma paixão
adolescente por ele. Isso não o deixara muito envaidecido, mas não desejava criar problemas
entre as amigas. Teria um encontro discreto com Ashley em Houston, e ninguém jamais saberia de nada.
Além disso o encontro o livraria de um jantar na casa de Eddie DeLarza, padrasto de Demi e seu grande amigo. Gostava da companhia do senhor mais velho, mais havia dois membros da
família Lovato/DeLarza que o deixavam pouco à vontade. Lydia, a irmã de Fred, uma mulher pretensiosa e intrometida, que, por sorte, não morava com o irmão e nem sempre estava nos jantares de família, e… Demi.
A jovem lhe causava sentimentos contraditórios. Era simpática, tinha vinte e um anos,
estudava psicologia e adorava analisar os outros.
Era muito linda, tinha cabelos castanhos, longos e ondulados, um corpo pequeno e bem feito, e não tentava disfarçar a atração que sentia por ele. Joe não tinha a menor intenção de se
envolver com Demi, devido à diferença de idade entre eles, tratava-a com gentileza, mas mantinha distância.
Os dois se conheciam desde que Demi tinha dez anos de idade, usava aparelho nos dentes e
tranças. Era difícil para Joe Jonas, afastar a imagem da mente, e encará-la como uma pessoa
adulta.
Além disso, Demi não sabia cozinhar, e quando resolvia cozinhar era um desastre!
Lembrando-se subitamente do gosto horrível dos biscoitos que ela lhe oferecera um dia, Joe pegou o telefone e ligou para Ashley, que atendeu de modo brusco. Mas ela, ao perceber de quem se tratava, tornou-se mais suave.
— Ora, ora! Alô Joe — murmurou
— A que horas deseja que vá buscá-la, no sábado à noite?
Houve uma breve pausa e, em seguida, Ashley sussurrou:
— Vai falar desse encontro a Demi?
— Quase nunca a vejo, sabe disso _disse ele com impaciência.
— Que tal se eu for buscá-la o cinco? Poderíamos dançar e depois ir ao Balé.
— Maravilhoso, vou espertar ansiosa pelo sábado. Até lá!
Joe desligou, mas voltou a pegar o fone e digitou o número da casa da casa de Eddie. Demi
atendeu, quase sem fôlego:
— Como vai Joe? Quer falar com meu pai?
— Pode ser você mesma. Lamento, mas preciso cancelar o jantar de sábado. Tenho outro
compromisso.
Fez-se uma breve pausa, e Demi murmurou:
— Tudo bem
— Perdão, mais esqueci esse compromisso, quando seu pai me convidou outro dia —
mentiu — Pode se desculpar por mim?
— Claro!Divirta-se — A voz te Demi soou tensa.
— Algo errado? — quis saber Joe.
— Não. Foi um prazer conversar com você. Até logo!
Demi Lovato desligou e cerrou os olhos, sentindo uma terrível frustração. Planejara um
jantar perfeito, pensou. Passara a semana escolhendo um bom cardápio, e decidira-se por uma nova receita de frango, macio e suculento, e pudim de chocolate, sobremesa favorita de Joe. Todo esse trabalho para nada! Sem dúvida ele arrumara uma desculpa para não comparecer ao jantar, conclui consigo mesma.
Sentou-se junto do telefone, com o avental todo sujo e farinha no rosto. Podia ser tudo
naquele momento menos a garota ideal para um encontro, pensou desanimada. Havia dois anos que tentava conquistar Joe, que nem parecia notá-la. Flertara com ele sem dó e piedade no casamento de Tiffany Thornton e Chris Carney , até que pegara o buquê da noiva no ar. Aquilo parecia ter irritado Joe, que se afastara sem sequer lhe lançar um olhar.
Nos meses seguintes, sempre que tivera a oportunidade, tentara se aproximar dele, mas não
obtivera sucesso. Seguindo os conselhos da amiga Ashley, vinha aprendendo a cozinhar, e
evitando parecer uma garota sofisticada de cidade grande.
Ashley tentava ajudá-la a conquistar Joe, e Demi procurava aperfeiçoar as qualidades que,
segundo a amiga, ele admirava em uma mulher. Estava tentando até se acostumar com cavalos, gados e poeira, mas como exibir as novas aptidões se Joe não vinha visitá-la?
— Quem era ao telefone? — perguntou Bertha, a governanta. — Seu pai?
— Não. Era Joe Jonas. Não poderá vir jantar no sábado por que tem um encontro.
Bertha sorriu com simpatia, já que percebia o interesse da jovem por Joe.
— Haverá outras ocasiões meu bem.
— Claro que sim — Demi se levantou da cadeira — Bem, vou diminuir as porções da
receitas.
— Só por que tem negócios com o senhor Eddie, não quer dizer que Joe precise vir sempre
aqui. — lembrou Bertha com delicadeza — é um homem muito ocupado e… Um tanto velho para você.
Demi não respondeu. Apenas sorriu e voltou para a cozinha.
Joe tomou banho, fez barba, vestiu-se e dirigiu-se ao Lincoln esporte que acabara de
comprar. Era o último modelo e, veloz como raio. Merecia uma noite na cidade, pensou, e os
simples fato de se livrar do frango emborrachado de Demi já era uma vitória.
Entretanto, de um modo estralo, sua consciência não estava em paz. Talvez devido ao que
Ashley falava de Demi. Nas últimas semanas dera para lhe contar sobre os comentários
entusiasmados da amiga que fizera ao seu respeito. E Joe não queria que Demi alimentasse
falsas ilusões. Precisava ser mais cauteloso com ela, concluiu. Não tinha menor interesse pela
filha de Eddie. Comparada com ele Demi era quase uma criança.
Entrou no carro examinando a estrada pelo espelho retrovisor. Tinha cabelos castanhos, um
rosto de traços marcantes, além dos dentes brancos e uma boca que parecia sempre estar
sorrindo. Não se considerava bonito, mas em comparação a alguns de seus irmãos, até que ele era bastante atraente, conclui, satisfeito consigo mesmo.
Além disso, era rico, e não precisa de mais nada para atrair uma mulher. Não era uma
conclusão arrogante, apenas realista.
Sabia que Ashley não se sentia atraída por sua personalidade, e estava somente interessada
no seu dinheiro. Mas era bonita, e ele não se importava de levá-la a Houston e exibi-la como os troféus que tinha no escritório. Um homem podia se dar ao luxo dessas pequenas vaidades
pensou com humor.
Porém, lembrou-se do desapontamento na voz de Demi quando desmarcara o jantar, e
imaginou a dor que sentira se soubesse que saíra com sua melhor amiga. Ante ao pensamento, uma enorme sensação de culpa o invadiu.
Afivelou o cinto, ligou o motor e partiu. Não precisava se sentir culpado, tratou de dizer a si
mesmo. Era solteiro e jamais dera motivos para que Demi Lovato pudesse considerá-lo um
pretendente.
Sim, concluiu de modo decidido. Precisava de uma boa noitada em Houston. Estava
solitário a tempo demais!

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